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terça-feira, 8 de maio de 2012

Transposição do Rio São Franscisco


O Rio São Francisco tem 2,8 mil km de extensão e corta cinco estados brasileiros, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Desde a nascente na Serra da Canastra, até sua foz no Oceano Atlântico, na divisa entre Sergipe e Alagoas, é mais de 500 municípios banhados, onde vivem 14 milhões de habitantes.
No Brasil Império, durante o reinado de Dom Pedro II, foi concebido o primeiro projeto de transposição do Rio São Francisco, visando minimizar os efeitos do clima semi-árido no sertão nordestino.
Com orçamento inicial de 4,2 bilhões de reais, o projeto de transposição prevê a construção de reservatórios e dois canais de aproximadamente 700 km.
Um canal a leste, terá cerca de 210 km, trará água aos estados de Pernambuco e Paraíba. O canal norte terá 402 km e beneficiara também Pernambuco e Paraíba mais o Ceará e o Rio Grande do Norte. Com previsão de atender 12 milhões de pessoas.
A quantidade de água desviada seria cerca de 3,4% da vazão, ou seja, 63 m³/s, do total de 1.850 m³/s de vazão do Velho Chico.
Boa parte desse volume serviria a projetos de agricultura irrigada e produção de camarão em açudes. Outra parte seria utilizada para abastecer centros urbanos que hoje consomem boa parte da água disponível na região.
Várias pessoas acreditam que a transposição só vai ajudar os grandes latifundiários nordestinos, pois grande parte do projeto passa por grandes fazendas e os problemas nordestinos não serão solucionados.
A polêmica criada por esse projeto tem como base o fato de que se a transposição for concretizada afetará intensamente o ecossistema ao redor de todo Rio São Francisco.
Com seu grande potencial hidroelétrico, a vazão do Velho Chico foi gravemente alterada. Com a instalação das barragens de Sobradinho e Xingó, a vazão foi reduzida, de tal modo que já se podem capturar peixes de espécies marinhas 42 km de sua foz, diante de fatos como esse é preocupante a possibilidade de salinização de suas águas.
Será como transfundir sangue, tendo como doador um doente em profundo estado de anemia. O Rio São Francisco se transformará em um verdadeiro Tietê.
Além disso, com a transposição das águas que alimentam as hidroelétricas, será capaz de deixar-se de produzir ao ano energia elétrica suficiente para abastecer uma cidade de 35.000 habitantes. Não é possível considerar válida o que foi proposto na época do Império, retomado no final do século XX e implementado no século XXI sem que se analise profundamente o impacto social, econômico, político, considerando o que se hoje se conhece dos processos da natureza e da sociedade.

Aquífero Guarani

É a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo. A formação geológica do subsolo é constituída por rochas permeáveis, que armazena água em seus poros, e é por esse meio que ele consegue armazenar um grande volume de água no subsolo. Ele ocupa uma área total de 1,2 milhões de km² da Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840.000 km²), Paraguai (58.500 km²), Uruguai (58.500 km²) e Argentina (255.000 km²), a área equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas. Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total) abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O sistema Aqüífero Guarani contém mais de 40.000 km³ de água e sua recarga anual (pelas chuvas) é de 160 km³. As águas são de boa qualidade para o abastecimento público, sendo que em sua porção confinada, os poços têm cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m³/hora.
A exploração de sua água se dá através de perfuração de poços artesianos. Como por exemplo, em São Paulo ele é explorado por mais de 1000 poços e ocorre numa faixa no sentido Sudoeste/Nordeste.
Estudos têm revelado que as águas do Aqüífero Guarani ainda estão livres de contaminação. Contudo, considerando que a área de recarga coincide com importantes áreas agrícolas brasileiras, onde se tem usado intensamente herbicidas, é de se esperar que são necessárias medidas urgentes de controle, monitoramento e redução da carga de agrotóxicos, sob pena de se vir a ter sérios problemas de poluição. Outra situação que causaria contaminação seria os poços abandonados, isto é, quando os mesmos não forem mais utilizados deverão ser vedados para evitar a entrada de águas poluídas.
Além do Guarani, sob a superfície de São Paulo, há outro reservatório, chamado Aqüífero Bauru, que se formou mais tarde. Ele é muito menor, mas tem capacidade suficiente para suprir as necessidades de fazendas e pequenas cidades.
Leonardo Balbinot

domingo, 6 de maio de 2012




Água poluída mata mais que a violência


Segundo artigo, também, postagem na íntegra e publicada no AmbienteBrasil...

Água poluída mata mais que violência no mundo, diz ONU
A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU nesta segunda-feira (22).

"A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês).

Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia Mundial da Água nesta segunda-feira (22), o Unep afirmou que dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes.

O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.

Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento.

A diarreia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."

O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para o tratamento de esgoto.

Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes.

"Se o mundo pretende... sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas." (Fonte: Folha Online)